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A transformação tecnológica no setor alimentício

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A transformação tecnológica no setor alimentício

Quando se trata de comida, tecnologia nem sempre é a primeira coisa que vem à mente. No entanto, ela mudou ao longo dos anos a forma como produzimos, transportamos e encontramos nossos alimentos, por meio da robótica, aplicativos, sistemas computadorizados, big data e etapas de processo interligados.

Portanto, em um mundo altamente digitalizado, um erro de produção pode gerar problemas com reflexos em diferentes partes do planeta, desde ações de recall, perdas financeiras e graves crises de imagem. Somado a isto, o setor agroalimentício enfrenta o desafio de prover comida para uma população global hoje estimada em 7,6 bilhões de pessoas.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas, a densidade populacional deve chegar a 9 bilhões de habitantes nas próximas décadas, e isso exigirá um nível de produção 60% mais alto nesse percurso. O paradoxo é que, em meio à civilização, muitos países sofrem com a escassez de alimentos enquanto outros (mais ricos) adotam legislações relacionadas à segurança e qualidade alimentar cada vez mais rígidas, promovendo com essa dicotomia uma rápida revolução da tecnologia da indústria na busca pelo aumento de produtividade, eficiência, uso dos recursos naturais e interesse pelas preferências do shopper.

A transformação digital no setor alimentício começou há mais de 30 anos, a partir das inovações tecnológicas que contribuíram para a redução de custos e otimização da produção de alimentos. O Brasil, que muitas vezes é líder bem-sucedido em produção ou exportação de commodities, não alcança o mesmo desempenho nos manufaturados derivados delas, como no caso dos alimentos processados. 

Entretanto, o surgimento da COVID-19 (e outras incertezas do mercado) perturbou a indústria mundial e, consequentemente, uma crise se espalhou da Ásia para as Américas e Europa, levando a demanda por alimentos brasileiros a atingir um novo pico no ano passado. Para compreender melhor como a revolução digital tem impactado nossos modos de trabalho, de produção e de vida, o B2Blog foi atrás de respostas para pontos de reflexão que trazemos a seguir. 

Impacto da tecnologia na indústria de alimentos

Recentemente, a Europa impôs regras agressivas de redução de emissão de carbono. Assim, não foi inesperado quando, em seguida, começou a exigir do Brasil o mesmo posicionamento de preservação ambiental.  Aliás, aumentar a produtividade e segurança alimentar, reduzir o nível de poluição e desperdício na indústria depende, em parte, de uma mudança de postura, sobretudo política e empresarial.

Pessoa aplicando tecnologia na produção

Indo de produções pequenas a grandes parques industriais, a aplicação de tecnologia para alimentos é capaz de atender tais exigências normativas e ainda viabilizar o abastecimento dos mais de 180 países para os quais exportamos.  Em uma webinar, promovida pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), em agosto de 2020, a presidente do Conselho Diretor da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), Grazielle Paranti, disse acreditar que ainda existe espaço para o crescimento do setor brasileiro, no mundo, mas isso vai depender da maneira como o país lida com o novo cenário global de regras, competitividade e uso de informações estruturadas. “O mundo conta com a produção de alimentos do Brasil”, salientou.

Sem dúvidas, o monitoramento de dados estruturados é uma funcionalidade de grande importância hoje em dia. E se somam à conectividade, portabilidade, Internet das Coisas, computação em nuvem, automação, inteligência artificial e diversas outras aplicações que têm um impacto profundo nos negócios de alimentos e bebidas. Essas ferramentas digitais se provaram eficazes ao impulsionar a indústria brasileira de alimentos, no ano passado, ao mesmo tempo em que derrubaram vários modelos de negócios tradicionais que negavam a adoção de novas tecnologias e inovações. 

Mas quais são as raízes da tecnologia da indústria de alimentos e como ela se parece atualmente? Vamos nos aprofundar nas respostas…

A força motriz da indústria 4.0

Junto com o crescimento do estilo de vida moderno, as pessoas foram ficando mais ocupadas, especialmente nas grandes cidades e regiões metropolitanas. O termo ‘conveniência’ passou a ser exigência nos supermercados, farmácias e distribuidoras, e a dar muito lucro para a maioria dos negócios. Isso foi regra até 2020, quando a pandemia obrigou o mundo a entrar em lockdown e as famílias a prepararem suas refeições em casa. Nesse caso, a tecnologia surge para se adaptar às rápidas mudanças na vida dos clientes.

Ainda assim, um estudo da Conferência Nacional da Indústria (CNI), denominado ‘Oportunidades para a Indústria 4.0’, evidencia que apenas 1,6% das fábricas instaladas no país se inserem no cenário de aplicação genuína de tecnologia hoje – a expectativa é que esse índice chegue a 21,8% em 2027. De qualquer maneira, a entidade destaca que o setor alimentício, por sua própria natureza inovadora, tem o maior potencial para liderar a adoção de novas tecnologias. Até porque, diz o relatório, o segmento é o que atualmente tem a maior capacidade para a transformação digital e precisará dela para se manter competitivo. 

Geralmente, a indústria 4.0 (I4.0) cobre quatro conceitos centralizados: gestão de pedidos online, sistema de entrega de alimentos, software de gerenciamento de estoque e sistema POS para restaurante. Muitos especialistas explicam que a revolução tecnológica do setor alimentício depende dessas quatro forças motrizes: 

1. Demanda por produtos mais saudáveis e nutritivos 

Os cuidados com a saúde estão entre as prioridades do consumidor. Uma tendência consolidada em números pelo Estudo NutriNet Brasil. De acordo com a pesquisa lançada em agosto de 2020 e que envolveu 10 mil participantes, está havendo uma mudança generalizada de hábitos, entre eles o consumo frequente de comida fresca e nutritiva, que aumentou de 40,2% para 44,6% durante a pandemia. 

E se a relação das pessoas com a refeição mudou, a indústria alimentícia teve que mudar junto. A virada de hábito alimentar era algo já identificado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) em 2018, quando apontou que 80% dos brasileiros estavam em um esforço para manter uma alimentação saudável. Com a crise da COVID-19 e o ápice da demanda por comida mais nutritiva, as fábricas se viram em outra revolução: a dos alimentos necessariamente saudáveis e saborosos, contendo menos vilões e mais benefícios. 

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2. Demanda por maior eficiência na produção de alimentos

Com a necessidade do maior volume de alimentos – já abordada aqui – consequentemente os produtores passaram a buscar a digitalização e automação na redução de custos, mantendo a produção e a qualidade. Dessa forma, eles estão aproveitando a inovação de máquinas automatizadas, hardware e desenvolvimento de software para substituir tarefas manuais. 

3. O impacto dos setores ambiental e político

Bem-estar animal e segurança alimentar continuam sendo debatidos na sociedade, levando a novas regulamentações e legislações impostas à indústria de alimentos e bebidas. Além disso, a ameaça de mudanças climáticas e superpopulação induz a necessidade de reduzir o desperdício de energia e alimentos. Isso afeta diretamente a direção do processo de transformação tecnológica no setor alimentício.

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4. Realidade e lacuna de percepção

A produção em massa impõe uma carga pesada na rede de varejo alimentar, o que exige soluções de intervenção humana aplicadas em todos os processos. Para aumentar a taxa de precisão em todas as tarefas, a aplicação de tecnologia tanto na produção quanto na distribuição tende a ser norma. 

Revolução digital na indústria de alimentos

Nos últimos anos, o termo inteligência artificial (AI), Internet das Coisas (IdC) e comunicação de máquina formaram outra norma da indústria 4.0, que é apontada como a típica representante da revolução digital. Naturalmente, a produção e os serviços globais de alimentos saíram da era do processamento tradicional para ativar o conceito de inteligência. Isso pelo menos nos Estados Unidos, Europa e parte da Ásia.

Nessas partes do mundo, os dados são colocados como agente principal, habilitando a otimização de toda a fase de desenvolvimento. Em vez da produção, a tecnologia da informação cria uma nova ordem na distribuição, o que aumenta a interconectividade e reduz os desperdícios.  Ou seja, a partir dos dados coletados, surge um entendimento melhor e mais preciso sobre o contexto geográfico, os clientes e o mercado, por meio dos quais diversos aplicativos móveis ou da web personalizados nascem, com soluções. 

Atualmente, não é mais possível uma indústria ser apenas uma empresa de alimentos, ela precisa criar soluções alimentares. A transformação tecnológica aparentemente tem forçado mudanças em cada aspecto da vida, abraçando produtores, distribuidores, varejistas e restaurantes. Podemos dizer que isso nos permite transformar tais desafios em oportunidades.

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Benefícios da tecnologia na indústria alimentícia

Embora haja, não é preciso pesquisa para perceber que serviços de alimentos e bebidas como foodtechs, negócios de preparação de refeições e restaurantes online desfrutam de proficiência significativamente alta e menos custo do que outras empresas. Atentas a essa realidade, várias companhias procuram dar seu salto quântico na revolução digital, e os benefícios são muitos:

Diagrama listando os beneficios da tecnologia na indústria de alimentos

  • Previsão de oferta e demanda de alimentos buscando reduzir desperdícios: a gestão de estoque aplicada à IdC faz relatórios e análises das praças para prever potenciais ações dos produtores e clientes no mercado. 
  • Maior controle de equipamentos: sensores inteligentes ajudam as empresas a identificar quaisquer anomalias que ocorressem em cada etapa dos processos. Nisso, as fábricas otimizam o uso do maquinário e equipamentos.
  • Melhor experiência para o cliente: com o crescimento da indústria 4.0, executivos, sócios e proprietários de negócios poderão entender melhor seus clientes para atender instantaneamente suas necessidades. 
  • Aumento da flexibilidade: adequando as incertezas do negócio, a digitalização pode contribuir para a gestão de riscos e a formação de soluções que fornecem ferramentas para as empresas se adaptarem às mudanças. 
  • Precisão em segurança alimentar: não somente fornecendo ao shopper produtos de qualidade, a tecnologia de processamento de alimentos também oferece ambientes seguros para os trabalhadores, reduzindo acidentes.

Sob a pandemia de 2020, o mercado global de alimentos sofreu uma ruptura. Positivamente, tornou-se um momento fascinante para a transformação e inovação do segmento. O mundo hoje deseja tecnologias de ponta que quebrem a lacuna dos complexos processos e desenvolvimento. Por isso mesmo, sua aplicação na indústria alimentícia passou a ser vista como um passo evolutivo, em que aqueles que melhor se adaptarem, despontarão ou permanecerão relevantes no palco.